O que achamos de Beyond: Two Souls (SEM SPOILERS)
Juninho Lima
25.1.14

- Lançado em 2013 pela Quantic Dream e dirigido pelo poeta gamer (apelidinho carinhoso perfeito) David Cage, e exclusivo de PlayStation 3, Beyond: Two Souls detém a mesma fórmula de Heavy Rain (game da mesma desenvolvedora e diretor), porém o foco aqui é outro. Nada de chuvas eternas, melancolia extrema e investigação, executados com maestria no thiller de suspense. O além, e os seres do outro lado é que são explorados de forma tocante, mas nada muito parado e monótono. Pelo contrário. Os momentos de calmaria são raros no game que traz um misto de drama, ficcção científica, suspense e espiritualidade.
- Em Beyond: Two Souls, somos apresentados a
Jodie Holmes, e durante o gameplay, acompanhamos 15 anos de sua vida, desde a
infância à fase adulta. Jodie tem a vida conturbada desde seu nascimento, de
onde misteriosamente, uma conexão de almas é selada. E é aí que entra outro
personagem que vem para inovar em todos enredos já vistos, não só no mundo dos
jogos: Aiden, uma entidade que acompanha Jodie Holmes para todos os lados, e
que muitas vezes a coloca em situações de risco, mas quase sempre, é a única
salvação da garota.

- A forma como a vida de Jodie é exposta no
game tem grande impacto e favorece muito o enredo, cheio de mistérios. A
protagonista passa por momentos difíceis em toda vida, e a cada capítulo jogado
um misto de curiosidade e ansiedade envolve o jogador de forma intensa. E apesar
do foco na história de Jodie, pouco se sabe sobre as origens da entidade e o
motivo da ligação com a protagonista.
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Jodie e Aiden (A aura azulada na foto). |
- Ponto positivo para o suspense do game. Por
vezes, me vi obcecado em saber o motivo de várias situações. Beyond: Two Souls
carrega tônus no quesito suspense e drama. O sofrimento de Jodie durante toda a
sua vida comove e traz revolta ao jogador, que fica instigado a jogar mais e
mais, não só para obter as respostas das muitas perguntas geradas durante o
decorrer da história, mas para ver qual fim terá Jodie e Aiden depois de tantos
traumas e rejeições.
- Sou obrigado a deixar um tópico para falar
da atuação dos atores convidados. Ellie Ellen Page, quem dá vida a Jodie, e
Willem Dafoe carinha do homem-aranha, que interpreta o Dr. Dawkins, merecem aplausos
a parte para o trabalho realizado em Beyond: Two Souls. E forço a ideia de não
se jogar o game dublado, por mais que algumas vozes sejam bem interpretadas (é,
joguei no idioma original e dublado em português brasileiro), é indispensável
desfrutar das interpretações de Ellen e Willem, os atores trouxeram identidade
ao game, tornando os personagens peculiares, de humanidade raramente mostrada
nos games.
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Willem Dafoe e Ellen Page são Dr. Dawkins e Jodie Holmes. |
- O game é dividido em capítulos aleatórios,
organizados de forma não cronológica, sendo assim, o jogador se vê em um
capítulo onde Jodie tem por volta dos 14 anos, e em seguida, a trama retorna
para os 9 anos de Jodie e de forma inesperada, a vemos com 25 anos em situações
que não são sequências umas das outras, mas ao finalizar o game, o jogador se
encontra em um história completa, e sem furos, já que existe uma explicação até
para a desordem na organização dos capítulos.
- Beyond: Two Souls traz uma mecânica de
escolhas imersiva, mas não tanto como em Heavy Rain, porém, as
escolhas opicionais envolvem a personalidade e sentimentos de Jodie. Você
escolhe se Jodie será vingativa, apaixonada, irônica, entre outras escolhas
mais pesadas, como quem você irá salvar da morte ou não. O poder de escolha
também se aplica para Aiden, que fará suas próprias escolhas, podendo ser bom
ou mal. E todas essas escolhas, cuminam para o desfecho da história, podendo
ser ótimo ou péssimo. Das pequenas às grandes decisões tomadas, você sentirá as
consequências. E diferente de Heavy Rain, ao final do jogo, suas escolhas
gerarão alguns possíveis finais, e cabe a você decidir para que lugar Jodie
encerrará a história.

- A jogabilidade de Beyond: Two Souls é um espetáculo
a parte, com um sistema de controles já visto em Heavy Rain, só que aprimorado,
a Quantic Dream veio inovar ainda mais em Beyond. No game, você deverá controlar
não só Jodie, mas Aiden. Os controles para controlar a entidade são bem
diferentes dos da protagonista. O que torna experiência um pouco complexa para
os menos experientes com o Dualshock 3. Porém, aconselhamos jogar Beyond em
modo cooperativo com um amigo, tornando a experiência ainda mais divertida, já
que duas pessoas poderão tomar escolhas bem diferentes durante o game (e
faturar um dos troféus do jogo). O desenrolar do jogo te obriga a usar um
esquema de “troca” de personagens, e ao pressionar triângulo, você alterna
entre Jodie e a Aiden. As QTE’s estão mais intuitivas do que nunca, onde na
maioria das vezes, não aparecem na tela se devemos mover o analógico para a
direita ou esquerda, mas sim, para o lado em que o golpe/corpo de Jodie irá.
Mas não pense que a jogabilidade em Beyond é livre de falhas. Por vezes, em
momentos de adrenalina, os ângulos da câmera (que não para quieta), me deixaram
confusos e me fizeram errar diversas vezes, assim como a fluidez de se jogar
com Aiden, que se diferencia demais das mecânicas dos controles de Jodie.
Enquanto Aiden é uma força invisível que flutua leve até demais, Jodie tem um
esquema travado de movimentação. Mas isso não chega a estragar a experiência.

- Os gráficos, comparados a Heavy Rain, deram
um salto enorme, gerando comentários do tipo “Um jogo da nova geração ainda na
antiga”, e isso sem exageros. Já que Beyond trouxe muitos detalhes trabalhados
com esmero. Texturas da pele dos personagens, efeitos de iluminação e sombra, e
toda a modelagem de cenário, fazem de Beyond, um dos melhores jogos com
qualidade gráfica já vistos no PlayStation 3.
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Dá pra acreditar que esses gráficos estão no PlayStation 3? |
- A trilha sonora de Beyond: Two Souls é
muito daora bem trabalhada, e traz faixas emocionantes durante todo o game. As
canções puramente instrumentais e líricas deixam o game com um ar sentimental,
difícil de explicar, o que não é um defeito. Seja em momentos de ação, drama,
romance ou tensão, o tônus da triha sonora traz impacto para o jogador, fazendo
de Beyond uma parada obrigatória para todos que curtem histórias emocionantes.
- E mais uma vez, a Quantic Dream me
surpreendeu com suas histórias melancólicas, carregadas de sentimentos. Além:
Duas Almas Beyond: Two Souls é um excelente game, e entra para a minha lista “melhores títulos
para o PS3”. Todo enredo e personagens envolventes, o colocam em destaque, já
que estamos acostumados à protagonistas hardcore, que atiram, rolam, pulam e
fazem coisas humanamente impossíveis e praticamente, nunca morrem ou se
machucam gravemente, e raramente vemos parsonagens com quais nos identificamos
por suas fraquezas. Tal qualidade traz um sentimento de apatia para com Jodie,
e nos faz experimentar emoções jamais sentidas através de um game. Se vale à
pena jogar Beyond: Two Souls? O QUE CÊ TÁ EXPERANDO? Sim, claro e com certeza!

PS: Os excessos de comparação com Heavy Rain,
é proposital, já que os dois títulos foram produzidos pela mesma desenvolvedora
e utilizam mêcanicas semelhantes. Querendo ou não, Heavy Rain pode ser
considerado um antecessor espiritual de Beyond: Two Souls, e o utilizamos para
destacar as evoluções de um game para o outro.
- Texto e imagens: Juninho Lima
- Revisão: Steven L. Andrade