Tirando da Estante: Silent Hill - Shattered Memories
Vitor Oliveira
10.7.16

A década de 90 foi, provavelmente, uma das melhores no que se diz respeito a jogos de terror. Com a ascensão do primeiro PlayStation e sua revolução gráfica, várias franquias tiveram início e, até hoje, algumas delas estão no gosto do povo, como é o caso de Silent Hill, que integra o topo da árvore genealógica do survival horror ao lado de títulos como Resident Evil e Alone in the Dark. Dentre os 8 jogos principais da saga de horror psicológico, um dos mais injustiçados é Silent Hill: Shattered Memories, o qual tiramos da estante e vamos mostrar que ele pode ser – e é – melhor do que parece. Confira o trailer do game:
Memórias destruídas
Ao se envolver em um acidente de carro, Harry Mason acaba se perdendo da sua filha, Cheryl, e sai em busca dela na cidade de Silent Hill. “Ué, acho que já vi esse plot em algum lugar”, você, provavelmente irá pensar. E com razão: a base de Shattered Memories é a mesma do clássico Silent Hill de 1999, mas não se trata de um remake, apenas de uma reimaginação, uma releitura do primeiro game da franquia – vamos falar disso com mais calma adiante. Porém, não espere um plano de fundo religioso neste.
Ao se envolver em um acidente de carro, Harry Mason acaba se perdendo da sua filha, Cheryl, e sai em busca dela na cidade de Silent Hill. “Ué, acho que já vi esse plot em algum lugar”, você, provavelmente irá pensar. E com razão: a base de Shattered Memories é a mesma do clássico Silent Hill de 1999, mas não se trata de um remake, apenas de uma reimaginação, uma releitura do primeiro game da franquia – vamos falar disso com mais calma adiante. Porém, não espere um plano de fundo religioso neste.

Um pouco confuso no início, o jogo mescla a jornada de Harry em busca de Cheryl com uma psicoterapia comandada pelo Dr. K, o velho conhecido Kauffman. O jogador, então, revive os momentos comentados na terapia, podendo suas escolhas e informações dadas ao Dr. K influenciarem no final do game ou até em aspectos físicos.
Mas o Shattered Memories que conhecemos nem sempre foi assim. De acordo com informações da própria Climax, desenvolvedora do game, o plano inicial era de lançar o mítico Silent Hill: Cold Heart, que seria protagonizado Jessica Chambers, uma jovem que sofria de alguns problemas de ordem psicológica e havia sofrido um acidente de carro em Silent Hill, enquanto viajava para visitar sua família – percebam as semelhanças com o jogo final. Se por um lado o enredo de Cold Heart foi apenas readaptado para o de Shattered Memories, por outro, as mecânicas de jogabilidade mudaram completamente: Jessica poderia atacar fisicamente os inimigos com armas improvisadas que sofreriam dano à medida em que fossem usadas; Fome e frio seriam fatores importantes e a protagonista deveria se alimentar e se adaptar ao clima regularmente. Ambos os conceitos foram excluídos da versão final do game.
Em determinados momentos, há uma transição do mundo real para um mundo paralelo. Em Shattered Memories, este mundo não é macabro como nos jogos anteriores: nada de sangue, nada de cadáveres ou coisas do tipo, apenas gelo. Muito gelo. E é durante essa transição que o jogador conhecerá os Raw Shocks, os únicos monstros que o perseguirão ao longo da jornada. No decorrer da trama, podemos encontrar e desenvolver laços com alguns rostinhos já conhecidos, como a carismática policial Cybil, a enfermeira Lisa e também Dahlia – aqui, com uma imagem totalmente diferente da qual estamos acostumados.
Infelizmente não podemos revelar muito sem dar spoiler, mas uma coisa é certa: o plot twist do final do jogo é incrível e, com toda certeza, surpreendeu a todos que completaram o game.
A mecânica congelada que funciona

Harry, aqui, não utiliza nenhum tipo de arma para se defender – nem armas de fogo, nem armas brancas. Há, no entanto, a possibilidade de fugir dos inimigos e se esconder deles em armários, por exemplo, o que contribui de uma maneira enorme para o clima de tensão no jogo. Ao longo do caminho, alguns sinalizadores são encontrados e podem ser utilizados contra os Raw Shocks, que, pelo visto, não curtem muito a claridade.
A câmera é diferente: ao invés de controlarmos um personagem totalmente em terceira pessoa, aqui vemos uma câmera posicionada perto do ombro do protagonista, algo semelhante ao Resident Evil 4. E olha, isso não atrapalha o game de forma alguma... Já as localidades visitadas possuem uma vasta gama de possibilidades de exploração, uma vez que o protagonista porta consigo apenas uma lanterna e um celular com diversas funcionalidades com este intuito. A câmera do aparelho pode fotografar o ambiente e, em determinados momentos, revelar “fantasmas”.
No celular há um sistema de GPS muito útil, onde localidades podem ser marcadas e tudo mais. Dá pra fazer ligações também, ou receber mensagens de texto que enriquecem a experiência com o jogo...
Os controles são relativamente simples: você pode correr, colher objetos, abrir portas e jogar sinalizadores. Durante as sessões de psicanálise, no geral, apenas questões com resposta “sim e não” são feitas, mas vale lembrar: tudo isso contribui para o final do game, okay?
Antecedentes e desenvolvimento

Silent Hill: Shattered Memories foi lançado oficialmente em 2010, mas, antes disso, uma série de rumores e especulações surgiram acerca do famigerado novo título da franquia, sendo considerada, inclusive, a possibilidade de um remake, já que a Konami era favorável a tal.
Após o anúncio, confirmou-se que o título se tratava de uma releitura do primeiro Silent Hill, como já citamos. Caso você esteja se perguntando qual a diferença de um remake para uma releitura, pode deixar que eu respondo: um remake vai reproduzir toda uma história previamente lançada, no caso de jogos, melhorando gráficos, jogabilidade e mecânicas em geral. Já numa releitura, a história será interpretada de maneira diferente, utilizando o enredo principal apenas como plano de fundo, como é no caso em questão.

Trilha sonora fria e amedrontadora

Finalmente chegamos na melhor parte. Quem conhece a saga Silent Hill sabe: não tem como falar dela sem citar a trilha sonora – maravilhosa, diga-se de passagem. Na verdade, este é um dos pontos mais importantes e que contribui diretamente para a identidade da franquia.
Enquanto as canções instrumentais são completamente imersivas e criam uma atmosfera totalmente solitária e sombria, as que apresentam vocais acabam apresentando letras bem formuladas e que caem como uma luva dentro do contexto. “No meio da noite você acha que está tudo certo. Diga a si mesmo, diga que é apenas um pesadelo. Algo está dizendo que nada pode mudar onde você está. Mais uma vez...”
Em Shattered Memories, Akira Yamaoka retorna com suas guitarras arrastadas, e na companhia de Mary Elizabeth McGlynn, que empresta sua voz angelical a algumas canções que compõem a trilha do game. A dupla já contribuiu para Silent Hill 3, The Room e Origins, por exemplo - e não decepcionou. Confira duas das melhores faixas do título - "When You're Gone" e "Hell Frozen Rain":
Silent Hill: Shattered Memories chegou com um conceito de renovação para a saga. Alguns aspectos não foram bem aproveitados, mas a experiência vale muito à pena. O game foi lançado em 2009 para Nintendo Wii e em 2010 para PlayStation 2 e PSP, porém, infelizmente não foi portado para a última geração e nem remasterizado para a atual. Fica a dica, Konami: ao invés de lançar caça-níqueis da série, que tal reviver jogos antigos?
Créditos
Texto: Maurício Vitor Oliveira
Revisão: Juninho Lima
O artigo apresenta as opiniões e ideias do autor do texto e não do site Co-op Geeks.
Créditos
Texto: Maurício Vitor Oliveira
Revisão: Juninho Lima
O artigo apresenta as opiniões e ideias do autor do texto e não do site Co-op Geeks.