O Esquadrão Suicida - 'Violento, sujo e estranhamente maravilhoso' (review COM SPOILERS)
Felipe Cavalcante
7.8.21

O filme O Esquadrão Suicida dirigido por James Gunn finalmente chegou aos cinemas e trazendo de volta a Força Tarefa X para uma nova missão e um novo impulso para o Universo da DC nos cinemas.
ATENÇÃO! Este review conterá SPOILERS do filme 'O Esquadrão Suicida'. Leia com atenção.

Depois do desastroso primeiro filme de Esquadrão Suicida em 2016, a esperada sequência que chegou aos cinemas finalmente trouxe o conceito central às telonas: um grupo de vilões numa missão super-perigosa e uma trama insana com traições, violência e os personagens mais estranhos e problemáticos dos quadrinhos da DC.
O Esquadrão Suicida de Gunn é violento, sujo, tem nudez e obscenidade, e é estranhamente maravilhoso em sua perturbadora demonstração de irreverência, e, como muitos previam e foi extensivamente divulgado temos muitas mortes.

A missão do filme é uma invasão ao laboratório secreto por um time da Força Tarefa X, na ilha de Corto Maltese na América do Sul para destruir o Jotunhein, um laboratório e prisão de experimentos dos nazistas, mas as coisas começam a sair dos trilhos bem no começo.
E é, inclusive, logo no início do filme que temos uma longa e divertida sequência onde vamos o Time A de personagens como Mongal (Mayling Ng), O Garoto Destacável (Nathan Fillion), Dardo (Flula Borg) e Blackguard (Peter Davidson) sendo massacrados com algumas das mortes mais brutais do filme antes de conhecermos o verdadeiro time. A única causalidade desse começo que realmente me deu dó foi a morte do Capitão Bumerangue (Jai Courtney), já que ele é um vilão consagrado do Flash e seria interessante tê-lo no universo da DC. Realmente, uma pena.

Mas durante o resto do filme vemos a construção dos personagens do Time B composto por Pacificador, Caça-Ratos 2, Homem-Bolinha, Tubarão Rei e Sanguinário e conhecemos um pouco melhor as suas personalidades, questões e arcos dramáticos.
Nesse filme também vemos um lado sombrio e assustador da Arlequina, porém, ainda divertida e maravilhosamente entregue por Margot Robbie, que mais uma vez demonstra porque o papel é dela e a melhor sequência de luta de todo o filme foi entregue para ela e é gloriosa.

O ator Idris Elba está formidável no papel de Sanguinário, e, se havia algum pensamento de que esse personagem seria apenas um novo nome para o Deadshot de Will Smith, então aqui tiramos completamente isso do caminho. A relação do personagem DuBois com a filha Tysha (Storm Reid) é bem diferente e o desenvolvimento do personagem também, com os dois tendo um conflito antagônico e uma relação distante e quebrada.
O personagem Rick Flag, interpretado por Joe Kinamman aqui teve muito mais personalidade do que no filme anterior, finalmente entregando um personagem gostável e admirável pela sua índole em contraste com o Pacificador de John Cena, que talvez seja o personagem mais detestável do filme e por isso só podemos esperar para ver o que deve acontecer na sua série spin-off.

Daniela Melchior foi uma revelação como a Caça-Ratos 2, a filha do vilão Caça-Ratos (Taika Waititi), a atriz traz à sua personagem uma carga de fofura, simpatia e estranhismo e os momentos mais emocionantes do filme foram dela e o Homem-Bolinha de David Dastmalchian foi uma agradável surpresa com a sua expressão depressiva e estranha relação com a sua própria mãe, e, talvez a única morte que não tenha valido tanto a pena ao final do filme.

O Tubarão Rei (Syvester Stallone) é um dos personagens mais adoráveis e assustadores do filme e um dos destaques com a sua mortífera fofura.
A trilha sonora é muito bem composta e as faixas escolhidas para o filme foram muito bem colocadas na maior parte dele, tendo desde Johnny Cash, as músicas originais compostas pelo artista Grandson e até mesmo Glória Groove.

Outro aspecto interessante é a crítica ferrenha ao imperialismo americano, e, das feias verdades que existem no governo dos Estados Unidos, apoiando ou deixando de apoiar ditaduras e golpes militares de acordo com a vantagem tática, interferindo em países considerados "de Terceiro Mundo" e brincando com vidas humanas sem nenhum pudor com a criatura alienígena Starro, o Conquistador.

O texto do roteiro é cru e sem dó de apresentar as perversidades que o ser humano é capaz de cometer e torna os assassinos, ladrões e loucos dentro do Esquadrão muito mais redimidos quando comparados aos horrores dentro dos jogos políticos.
'O Esquadrão Suicida' vale a pena como um filme com super-vilões que são personagens bem moralmente cinzentos, violência exagerada no meio de construções catárticas do roteiro, piadas cruéis e obscenas e alguma emoção no meio de toda essa maravilhosa e caótica loucura.
Créditos
Texto: Felipe Lima
Revisão: Felipe Lima